quarta-feira, 13 de março de 2013

Textos complementares- Aula de Biologia: 'Desenvolvimento Sustentável'


Complementando a aula de Biologia 'Desenvolvimento sustentável' a Profª Daiana disponibilza aos alunos textos referentes ao tema para leitura e aprendizagem, sugerindo ainda a visita à página: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/ para conhecer a Pegada Ecológica.
A profª Daiana que atualmente participa da ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ESPAÇO EDUCADORES SUSTENTÁVEIS propõe aos alunos que
entrem nesse link e Saibam seu estilo de vida, Reduzam e Calculem sua Pegada.
 
 
 
1º Texto: 

Gente, bicho, planta.
Esta história aconteceu de verdade, lá pelo século passado, num país chamado Inglaterra, com um cientista de nome complicado.
O nome dele era Thomas Huxley, mas a gente pode entender mais se só chamar o homem de professor Thomás.
Ele era um naturalista – estudava a natureza e toda sua beleza.
E um dia foi chamado pra resolver um mistério que era mesmo um caso sério.
Num lugar lá no campo estava acontecendo uma coisa meio esquisita. É que a região nunca ficava pobre nem rica.
Quando tudo ia melhorando, o gado ia engordando, o povo ia prosperando, qualquer coisa acontecia. E a riqueza sumia.
Quando ia empobrecendo, o gado ia emagrecendo, o povo ia adoecendo, tudo ruim acontecendo de repente melhorava.
E a pobreza acabava.
Mas nunca ficava bem.
Nem ficava mal também.
Para poder dar um jeito, era preciso entender direito.
Para não acontecer mais.
Então chamaram o professor Tomás.
Saiu por ali e resolveu conversar.
Desandou a perguntar.
Tanto perguntou que parou.
Todo mundo ficou achando que ele cansou.
E aí ele mudou. Foi pesquisar documento.
Para decifrar o mistério, ficava até passeando pelo meio do cemitério.
Até que descobriu.
Reparou que, quando o lugar era rico, tinha muita gente casando e muita gente nascendo.
Quando as coisas pioravam, as pessoas se mudavam.
Tinha menos batizados, menos casamentos.
Tudo isso ele aprendeu com as perguntas e os documentos.
O resto foi com o pensamento.
Quando o pasto ficava feio, a região ficava pobre.
Produzia pouco leite porque o gado não estava bem alimentado.
Pouco dinheiro e pouco trabalho.
Aí os fazendeiros mandavam embora os empregados.
E os homens iam procurar trabalho na cidade.
Acabavam casando por lá e não voltavam pro seu lugar.
E nesse lugar, o que acontecia?
Os rapazes iam embora e as moças ficavam sem ter com quem namorar.
Naquele tempo ainda era muito atrasado: moça tinha só que casar, não podia estudar, nem sair pra trabalhar, e de sua vida cuidar.

Sem ter a quem a querer bem, queriam tratar de alguém.

E arranjavam um gato pra fazer companhia.

A aldeia ficava uma gataria...

Mas o gato é bicho caçador.

E de noite os gatos saíam para caçar.

Caçavam ratos do campo.

Quando tinha muito gato, sobrava muito pouco rato.

Só que esse tipo de rato só ficava bem feliz comendo uma certa planta com deliciosa raiz.

Com menos rato, tinha mais dessa planta pelo mato.

Essa planta, por sua vez, tinha uma folha bem tenra, um verdadeiro tesouro para um certo tipo de besouro.

Besouro de brilho lustroso, que logo saía guloso pra comer de sobremesa uma flor que era uma beleza.

Flor de trevo açucarada.

Voando de flor em flor, o pólen ele ia levando.

Esse pólen, que levava, em outra flor que se misturava.

Dessa mistura, uma semente se formava.

Uma nova planta nascia.

O campo todo de trevos se cobria.

E era o melhor pasto que havia.

Depois disso, que é que vinha?

Será que você adivinha?

O gado ficava lindo.

De outros lugares, muitos homens vinham vindo.

Tinham muito que trabalhar.

E começavam a namorar.

Aí, casavam, as famílias criavam, e nos gatos nem pensavam.

Começava tudo ao contrário.

Menos gatos, mais ratos.

Mais ratos, menos raízes.

Menos folhas, menos besouros.

Menos besouros, menos trevos.

Com as coisas indo assim, o pasto ficava ruim.

O gado emagrecia.

E tudo de novo acontecia.

Transcrição do texto de Ana Maria Machado, da p. 121/122, do livro CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio .ALP,5: Análise, Linguagem e Pensamento: A diversidade de textos numa socioconstrutivista. São Paulo: FTD, 1993.(p.121/122) Certamente inspirada em obra de Thomas Huxley, de 1863, Evidence as to man’s place in nature(Evidências sobre o lugar do homem na natureza), que tratava da interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos" (DIAS, 1998).






2º Texto:





Desenvolvimento auto-sustentável

"Eram 169 pulgas, 38 carrapatos e 75 piolhos. Todos moravam num cão de rua. Naquele "planeta" os carrapatos preferiam o interior das orelhas, os dedos, a cernelha e as axilas. No dorso, lombo e abdômen viviam as pulgas. Os piolhos no restante. O cão era uma coceira só. Sugavam o sangue inoculando-lhe uma saliva irritante. Dia e noite, domingos e feriados.

Um dia alguém percebeu que o alimento estava caindo de qualidade - um sangue ralo e cada vez mais cor-de-rosa. Seria necessária uma assembléia de todos os moradores.

Na semana seguinte teve início a I Conferência Planetária do Meio Ambiente. O fórum escolhido foi o dorso do animal. Compareceram 292 pulgas, 94 carrapatos e 101 piolhos. Após a aprovação do regimento da Conferência, uma pulga fez uso da palavra:

- Senhoras e senhores, tenho notado uma drástica diminuição dos nossos recursos naturais. O planeta está anêmico!

- As culpadas são vocês mesmos suas pulgas imediatistas... atacou uma fêmea de carrapato entumescida de sangue.

- Que nada, nós até sabemos reciclar...

- Não entendi, interpelou um piolho.

- Nossas larvas, futuras pulgas, são alimentadas com nossos próprios dejetos... isto é ou não é reciclagem?

- Acho que tudo é uma questão política, completou outro carrapato.

E a reunião prosseguiu acalorada.

De repente o "planeta" começou a balançar...

- Efeito estufa? Aumento da temperatura global? Queimadas? Terremotos? Ou efeito do buraco na camada de ozônio?

Na verdade era o cão que se coçava desesperadamente num solitário jequitibá...

Ouvindo toda a discussão a árvore tentou ajudar:

- Gente! Vocês já ouviram falar em "desenvolvimento sustentável"?

Todos silenciaram para escutar.

- Antigamente essa praça era uma floresta. Inúmeras árvores de variadas espécies. Produzíamos flores, frutos, abrigos, sombra e madeira. As folhas mortas e os restos dos animais se decompunham rapidamente com a ação do calor e da umidade freqüente. Assim todos os nutrientes eram devolvidos à terra-mãe, alimentando-nos e possibilitando o nascimento de novas plantas. Tudo aqui era biodiversidade. Existiam orquídeas, bromélias, cipós e toda a vida animal. As copas amenizavam a queda da chuva que suavemente deslizava entre os galhos. Não havia erosão. De vez em quando cortavam algumas árvores. Nem precisavam reflorestar. Nós mesmas fazíamos o replantio com a ajuda dos morcegos, frugívoros, cutias, gralhas, borboletas, beija-flores e até do vento. Assim a floresta se AUTO-SUSTENTAVA. Mas um dia começaram a desmatar além da conta... logo fiquei sozinha. hoje virei mictório de cães e de gente. As minhas folhas são impiedosamente varridas. Não têm mais o direito de apodrecer ao pé da árvore-mãe..

- Mas afinal o que é desenvolvimento sustentável? - perguntou um piolho aflito.

- É cada um sugar sem exageros o alimento e dar tempo ao "planeta" de se recuperar...

- Vamos ter que produzir economizando, lembrou um carrapato demonstrando preocupação - afinal todos nós podemos jejuar mais de um mês...

E a plenária efervesceu. Foram criados manifestos e leis ambientais. Publicaram a "Carta dos Ectoparasitos". Elegera-se delegados. Todos se comprometeram...

Ao final dos debates já haviam 3.090 pulgas, 2.348 carrapatos, 2.251 piolhos...

No dia seguinte, o cão morreu.


Texto: Prof. André M. Corrêa (Biólogo e guia de Ecoturismo)

Material cedido pela tutora Tayná

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