INTRODUÇÃO
Identificando
a rede social da escola
A escola, enquanto
instituição formativa deve decidir-se por seus rumos e questionar
constantemente sua função. Uma escola que não consegue se decidir por um
projeto educacional, caminha sem direção e tem poucas chances de contribuir
para a formação cidadã, atendendo aos anseios contemporâneos e ao
desenvolvimento pleno das atuais e futuras gerações.
A educação tem um papel
fundamental na reconstrução dos valores morais e éticos dessa sociedade, além
de sua saga diária que é a construção do conhecimento.
A sociedade se divide em
comunidades formadas por pequenos grupos. Dentro deles existem seres humanos
que carregam consigo uma herança cultural que levam para os ambientes
escolares.
Entender a formação dessas
comunidades ajudará em todo o processo educativo para elaboração de um projeto
que trate diretamente com os problemas de dependência química e envolvimento
com o tráfico de drogas.
Somos professores da
Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes da cidade de Bonito – MS. Temos o total
1.160 alunos matriculados nos diferentes níveis de ensino da escola. A faixa
etária predominante entre eles é de 12 a 16 anos, sendo que 60% são meninas e
40% são meninos, quanto à distribuição nas salas de aula, em vista da
porcentagem, há uma pequena predominância do público feminino.
Avaliando o nível
socioeconômico e os aspectos socioculturais, concluímos que prevalecem
alunos de baixa renda e o nível sociocultural típico da região, gira em torno
da pecuária e do turismo, presente no cotidiano familiar e regional. Na fase de
desenvolvimento profissional os alunos carregam consigo características
culturais na escolha de cursos universitários e profissionalizantes. Aqueles
que não buscam formação acadêmica permanecem na cidade e direcionam-se ao
trabalho turístico.
Temos uma quantia considerável de alunos que residem
na zona rural e que dependem do transporte escolar, já aqueles da zona urbana
residem nas proximidades da escola.
Na interação pais/equipe pedagógica promovemos
eventos como o dia da Família na Escola, com análise e exposição dos resultados
obtidos nas notas bimestrais, reuniões para entrega de boletins, eventos
festivos, com total participação artística dos alunos, e até oferecemos
oficinas profissionalizantes de artesanato, maquiagem, entre outras. Mas são
poucas as famílias participantes, pois esse trabalho teve inicio na escola
recentemente, e sabemos que aos poucos a família participará da vida escolar de
seus filhos. Sendo assim, conhecemos apenas os pais que frequentam a escola,
que demonstram interesse genuíno na aprendizagem de seus filhos e que se
importam com a participação deles dentro dela. Quando ocorrem as reuniões, o
corpo docente procura conversar com os pais sobre o desempenho dos filhos, mas
a maioria deles vem apenas para buscar o boletim do filho e não dão abertura
para sabermos como é o nosso aluno no convívio familiar. Há pouco tempo, a
escola tem adotado uma política de chamar os pais dos alunos “problemas” e como
esse trabalho é recente, aos poucos estamos conhecendo as famílias.
Consideramos que a participação efetiva dos pais contribui para bons resultados
e a sua falta diminui o desempenho dos alunos que obtiveram baixo rendimento ,
por exemplo, no SAEMS. Outro agravante é a falta de perspectivas futuras que
acabam por desanimá-los, deixando de cultivar o hábito de estudar. Observamos
que muitos vêm à escola porque são obrigados a estudar ou porque enxergam na
escola um ponto de encontro.
Quanto aos professores, eles tentam incentivá-los
trabalhando a autoestima e desenvolvendo um bom relacionamento, que em sua
maioria são prestativos e participativos na realização de atividades
curriculares propostas, mas dificilmente temos na escola atividades extraclasse,
tais como grupos de dança, corais, fanfarras, entre outros, e quando isso
acontece ocorre uma participação maciça. Consideramos o esporte como uma
alternativa de bons rendimentos e não vemos o verdadeiro valor que deveria ser
dado à prática dele. A escola deve articular meios de tornar o esporte um
aliado presente nas práticas pedagógicas.
Há
casos de indisciplina e desrespeito como em qualquer outra escola, mas
acordamos que a clientela da nossa escola estabelece bom relacionamento com
todos os professores e funcionários.
Por morarmos numa região turística, faz parte da
prática social dos alunos, passeios ecológicos, banhos em rios, encontros na
praça, festas com laçadas e montaria dentre outros e sendo a cidade pequena,
sempre esbarramos com eles nas ruas. Assim os conhecemos dentro do limite
possível por meio de conversas informais ou por conhecer integrantes de suas
famílias. Na busca de melhor interação com eles, nos mostramos sempre
acessíveis, receptivos e agradáveis.
Ainda por se tratar de uma cidade de interior onde toda
atividade diferente é reconhecida rapidamente e propagada entre os habitantes.
Assim, sem medo de errar, sabemos que podemos envolver todas as pessoas que
possam contribuir de uma maneira direta ou indiretamente com este projeto,
porque o objetivo maior é a proteção e a preservação da vida dos nossos
educandos. Dessa forma, podemos contar com o apoio de instituições como
promotoria, policia militar, psicólogos, médicos, assistentes sociais e CAPs
ligados a rede municipal de saúde.
Mesmo podendo contar com as instituições citadas,
entendemos que temos que ser persistentes na mobilização para que as ações
estabelecidas possam ser efetivadas. Em nosso município pelo fato de ser uma
cidade turística, sofre muito com a influência externa, porque boa parte dos
nossos alunos trabalham com turismo, assim estão sujeitos a serem manipulados a
entrarem no mundo das drogas.
Nossa escola participa e tem desenvolvido vários
projetos, mas nenhum focado na prevenção do uso de drogas. Esses projetos são
focados na área da educação, meio ambiente e de disciplinas especificas.
Consideramos o esporte uma forma interessante de
chamar a atenção dos nossos alunos e também outra forma de trabalhar com o
projeto, já que eles podem participar de uma maneira informal. Ressaltamos que
antes temos que desenvolver ações para resgatar a autoestima e os valores
morais e éticos, tão fora de moda nos dias atuais. Podemos integrar esse dois
pontos, organizar eventos onde envolvam esporte com disciplina, perseverança e vontade
de vencer na vida, e com isso abrindo novas perspectivas para eles e também organizar
palestras de motivação que anteceda um campeonato esportivo e durante os jogos
sempre trabalhar com momentos de reflexão para aproveitar os alunos reunidos.
Panorama do uso de drogas no
contexto escolar
Atualmente,
além de tantas outras adversidades que comprometem o desempenho do aluno na
escola, convivemos ainda com a interferência direta do uso de drogas no âmbito
social e escolar. Percebemos que as drogas lícitas chegam às escolas com
facilidade e por terem produção e venda liberadas pelo governo, as bebidas
alcoólicas e o tabaco encabeçam as estatísticas. Entre os principais motivos
que levam os adolescentes a se envolverem com drogas podemos ressaltar três
motivos: desejo de fuga dos problemas, a busca por aceitação social e
curiosidade por novas sensações.
Além
de pertencermos a regiões fronteiriças, com grande movimentação de tráfico e de
fácil acesso às drogas, convivemos ainda direta ou indiretamente com várias
pessoas, vindas de vários lugares que trazem consigo ou que buscam drogas
ilícitas. Sendo assim, os adolescentes daqui sofrem mais pressão para evitar
e/ou recusar o uso de drogas.
Entretanto,
após levantamento de dados obtidos por meio de informações coletadas com os
próprios alunos, com professores que se mostram mais interativos diante deles,
por meio de registros e do que observamos cotidianamente, concluímos que os
nossos alunos pouco se envolvem com práticas abusivas de uso de drogas. Há
casos esporádicos de usuários frequentes de maconha, sendo esta a droga mais
acessível e comum entre as ilícitas. Nunca houve avaliação acerca dos problemas
que envolvem o uso de drogas na nossa escola e por este fator não sabemos
informar porque esses alunos usuários desistem de estudar, porque usam e nem
temos acesso às informações quantitativas sobre o consumo de drogas em nossa
comunidade escolar. Sabemos que há informações registradas, há flagrantes e
chamados da polícia para revista e apreensão de drogas dentro da escola. São
poucos os casos noticiados e isso acontece porque os alunos não dizem o que
sabem e observam e quando perguntamos eles negam. Assim percebemos a
importância de termos na escola professores engajados nesse projeto para que
possamos mensurar toda a extensão do problema e ações para resgatar esses
alunos e mostrar a todos o estrago causado pelo uso das drogas. Observa-se
muito que o exemplo familiar é fundamental e há casos decorrentes de pais e
familiares dependentes, dificultando assim tanto a prevenção quanto à
participação do aluno na escola quando se desenvolve projetos para mostrar os
prejuízos das drogas. Porque sabemos que mais vale o exemplo do que o próprio
ensino, e isso eles não possuem. Entre os tipos de usuários, o mais comum em
nossa comunidade escolar é o usuário recreativo e em algumas vezes o usuário
experimental, que de acordo com relato, quando o adolescente exagera no consumo
das bebidas alcoólicas ele se sente a vontade em experimentar outras drogas, o
que facilita muitas vezes a tornar-se um usuário dependente. Ressaltamos que há
muito incentivo por parte do turismo que a cidade atrai e o grande fluxo de
pessoas diferentes para que isso ocorra.
As
pessoas da escola tratam do assunto mobilizando-se no apoio a projetos quando
na existência deles, esperamos que com o presente projeto possamos sensibilizar
mais professores para que eles tomem iniciativas para abordar o tema e
trabalhá-lo com veemência. Já houve projetos como modelo de atuação preventiva
ao uso de drogas, especificamente quanto ao uso de anabolizantes em atividades
físicas, sendo estes considerados um tipo de droga lícita categorizada entre
outros estimulantes. O projeto fora trabalhado em anos anteriores. Temos o dia
do tabagismo, onde sempre sensibilizamos nossos alunos em parceira com algum
jovem que dá depoimento dos males causados pelo seu uso dentro da família.
Atualmente a escola desenvolve eventos que buscam a proximidade entre
escola/família na tentativa de conquistar a repleta participação dos pais no
dia a dia curricular, mostrando a eles a importância da sua participação na
construção a vida educacional, social e
moral dos seus filhos.
Já
a comunidade possui percepção ofensiva quanto aos usuários, tratando-os com
preconceito, o que gera maior gravidade do problema. É necessário um trabalho
que abranja conscientização e inclusão social.
Avaliando
o corpo docente, equipe pedagógica e funcionários, afirmamos que há pessoas na
escola que fazem uso e em alguns casos, abuso de drogas lícitas e ilícitas. A
maioria classifica-se entre os usuários dependentes. Prevalece também entre
eles o uso de álcool, cigarro e há casos de uso de maconha, antidepressivos e
automedicação misturada ao álcool. Não podemos negar que esses casos são
fatores negativos na luta pela prevenção. Pois como falamos anteriormente não
podemos cobrar se não dermos exemplos. Sendo assim é necessário que façamos
primeiro um trabalho com os docentes que tem essa prática para depois
estendermos aos alunos.
Sabemos
que todos estão dispostos a ajudar quando preciso for. Um exemplo de auxilio
prestado pela escola foi a respeito de um caso de uso de drogas que levou à
exploração sexual, a escola foi procurada pelos pais do aluno envolvido, e
ambos se mostraram preocupadas com esta questão no ambiente escolar. O Conselho
Tutelar monitorou a situação e mesmo com o apoio pedagógico, o aluno
infelizmente deixou de frequentar as aulas.
Fatores de risco e proteção na
comunidade escolar
A
Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes foi fundada no dia 27 de fevereiro de
1927 pelo tenente coronel Bonifácio Camargo Gomes, gaúcho de Passo Fundo que
veio para nosso estado a procura de uma vida melhor. Foi um dos primeiros
comerciantes a se estabelecer por aqui. Iniciou várias atividades comerciais e
comprou parte da Fazenda Bonito, desejava e previa o progresso e
desenvolvimento do município. Assim fundou a primeira escola mista do Município
onde sua primeira professora foi Durvalina Dorneles Teixeira. Passando por
várias transformações e formatos chegando ao modelo atual que passa por reforma
completa atualmente.
A
nossa escola tem prestígio na comunidade, um reflexo disso é a quantidade de
pais que buscam vagas em todas as séries do ensino fundamental e médio, chegando
a formar filas ou passando a noite à espera vagas. Assim este ano a diretora
foi à escola no período noturno e distribuiu senhas para que as pessoas
tivessem segurança e fossem para casa ter seu merecido descanso depois de um
exaustivo dia de trabalho. Apesar das deficiências na estrutura e espaços
físicos, temos uma equipe acolhedora, competente e renomada. A escola funciona
nos três períodos e oferece curso pré-vestibular também. Além de oferecermos
reforço nos contra turno para os alunos do ensino fundamental I. Temos
destaques nos vestibulares tanto com os alunos do 3º ano quanto dos alunos
frequentes no cursinho. Sempre estamos trabalhando projetos nas mais diversas
áreas mobilizando professores, funcionários, estudantes, família e comunidade.
A participação da família é relativa, os pais participativos geralmente são de
alunos exemplares, mas não deixam de ser bem vindos.
A
escola está situada no centro da cidade, a qual oferece como recursos
pedagógicos, além de material didático, recursos tecnológicos, sala de
tecnologias e biblioteca. As relações interpessoais se dão de maneira ordenada
e afetiva. Há um bom relacionamento entre os integrantes da escola.
Atualmente
nossa escola passa por uma reforma completa e por isso estamos alojados em dois
espaços distintos, durante o dia ficamos no campus da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul da cidade e durante o período noturno nos ocupamos de uma
escola municipal, até que o período previsto de um ano e meio para a reforma
termine.
ASPECTOS
TEÓRICOS
Definição de drogas
Droga
segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) é qualquer substância
não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de
seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. As drogas são
divididas em drogas psicotrópicas (estão relacionadas aos medicamentos,
produzem efeitos benéficos como tratamento de doenças e malefícios) e as drogas
psicoativas (aquelas que alteram o funcionamento do Sistema Nervoso Central).
Histórico do uso de drogas
O uso de substâncias psicoativas é um fenômeno que acompanha a
humanidade em diversos períodos de sua história, variando critérios relativos a
cada cultura e a cada época. Homens utilizavam produtos naturais para obter um
estado alterado de consciência em vários contextos como religiosos, místico,
social, econômico, medicinal, psicológico, militar, cultural e principalmente
para o prazer. Sempre com o objetivo de proporcionar uma melhor ligação com o
sobrenatural/divino, como no caso do álcool que era usado para favorecer o
contato com os deuses.
Na Idade Moderna, fatores com as grandes navegações, a Revolução
Industrial e o Capitalismo levaram a uma concentração urbana e também à
industrialização da produção de bebidas alcoólicas, aumentando o consumo.
Na década de 50 e 60, com o fortalecimento do capitalismo no mundo
ocidental pós-guerra, houve uma grande necessidade de mão de obra, que exigia
trabalhadores rápidos, ativos e, principalmente, sóbrios.
Jovens europeus e americanos se rebelaram contra esse modelo econômico,
e, desiludidos diante de uma realidade dura, injusta e brutal, que contrapunha
o “sonho americano”, de igualdade, liberdade e prosperidade para todos,
organizaram-se em movimentos estudantis que repercutiu pela França,
espalhando-se pela Europa e EUA, originando o movimento hippie. Nesse
movimento, sexo, drogas e Rock N’ Roll são expressões da juventude que
ameaçavam o sistema vigente.
Nos anos 80, o tráfico de drogas passa a ser
a segunda maior economia do mundo, perdendo apenas para a informática. Na
década de 90, marcada pelo uso da cocaína, observa-se uma redução nos serviços
públicos como a saúde, a educação e a proteção aos indivíduos. Como
consequência houve altas taxas de desemprego, aumento da violência e com isso a
dependência do uso de substâncias psicoativas passaram a ser vistas como
problemas não gerados pela sociedade, mas como amenizador do sofrimento e
tensões sociais, sendo estas a causa maior do que a simples busca pelo prazer
como antigamente. (Educador Direcional, REVISTA, 6° ed. ABRIL, 2010, p. 27).
O
uso de drogas na escola
Dentre os fatores do uso de drogas entre os
adolescentes podemos observar a questão histórica como uma forma de
manifestação, busca de autoafirmação e prazer com o objetivo de ser aceito no
grupo que fazem parte.
Sendo assim as causas apontadas por
autores relacionadas com o mundo escolar que podem levar ao uso de drogas, foi
verificado que fatores como o baixo desempenho escolar em estudantes podem
excluí-los, em algum grau, do grupo de estudantes que têm mais sucesso,
levando-os ao envolvimento com pares que apresentem problemas em aspectos
escolares. O impacto do grupo é um fator que interfere no uso de substâncias
psicoativas, e os autores evidenciam que quanto maior a associação com pares
desviantes, maior a probabilidade de desvio e uso de drogas (BAHLS; INGBERMAN,
2005).
A
escola é um ambiente onde ocorre a interação dos adolescentes e adultos em
grupos desde a infância até a vida adulta. Essa interação é importante e
fundamental no desenvolvimento humano, na formação do seu caráter, construção
de suas relações sociais e no desenvolvimento da cidadania. Todavia, os tipos de relações que ocorrem no
contexto escolar são de ampla complexidade que podem refletir em problemas
prejudiciais ao desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Esses problemas podem
surgir dentro do âmbito escolar ou dentro da comunidade onde esta escola está inserida
e pode trazer reflexo a ela. Portanto, todos os atores que fazem parte do
contexto escolar deverão estar preparados para enfrentar tais problemas. Sendo
assim, um problema de grande relevância na sociedade e que vem refletindo no
ambiente escolar é o uso abusivo das drogas, que entre muitos interferem no
processo de ensino- aprendizagem.
O
uso de drogas se configura com um problema atual que vem crescendo a cada dia,
e o que se percebe muitas vezes é o despreparo das pessoas para enfrentar essa
situação, sendo necessário que façam abordagens dentro do contexto escolar para
identificar as causas e estabelecer estratégias para cortar o mal pela raiz.
Nesse sentido, é necessário que as instituições de ensino adotem uma postura de
enfrentamento conjuntamente com os demais setores sociais esclarecendo e
prevenindo os jovens dos perigos de consumir tais substâncias. Segundo
Abramovay e Castro (2005), a escola é o local propício para ajudar na prevenção
das drogas, no sentido em que reúne várias qualificações que colaboram para a
difusão de tal perspectiva na comunidade e na sociedade.
Por
conseguinte, é relevante considerar que as drogas são um problema de todos,
pois de alguma forma ela acaba interferindo na vida de muitos. A decisão por
fazer uso de drogas culmina no financiamento ao tráfico, que traz como
consequências: o aliciamento de menores, a marginalização, a violência, o
dispêndio do dinheiro público, a opressão, baixo rendimento escolar, dentre
outros. Sendo assim, todo o entorno de um usuário acaba arcando financeiramente
com o seu vício, um investimento financeiro muito alto que poderia estar sendo
aplicado em outras áreas de ampla abrangência social como: a educação, saúde e
saneamento básico (CARLINI-COTRIM, 1998).
Para estimar os custos relativos ao uso e abuso de drogas em termos de
Saúde Pública podemos citar nos anos 90 o custo anual estimado nos Estados
Unidos era de 100 bilhões de dólares e quase 30 bilhões no Brasil.
A
educação escolar é um dos direitos sociais que visa o desenvolvimento
intelectual do ser humano, contribuindo de forma decisiva para sua integração
individual e social. Pois a escola possibilita a convivência dos indivíduos em
grupos desde a infância ampliando assim, seu mecanismo de inclusão social
(MURER; OLIVEIRA; MENDES, 2009).
No
Brasil, a educação está presente em sua Constituição Federal, no artigo 6º,
sendo apreciada como um direito de todos e dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, sua
finalidade é o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Para
Freire (1981), a educação deve ser problematizadora e libertadora, à medida que
ela é uma constante busca visando que os indivíduos transformem o mundo em que
vivem. Para tanto, os mesmos devem compreender a realidade que os cerca através
de uma visão crítica da mesma, reconhecendo e respeitando sua cultura e
história de vida.
Cabe
a escola um papel importante na formação do cidadão. No entanto, ela acaba se
omitindo ou agravando o problema, ao constatar alunos fazendo uso de drogas, e
simplesmente comunica aos familiares e os incumbe do cuidado com esse membro, o
que significa muitas vezes o afastamento desses alunos das salas de aula e, em
muitas ocasiões, a desistência de continuar a vida escolar (SILVAet al., 2008).
Esse tipo de ação, apenas reflete uma questão muito presente nas escolas, que é
o preconceito contra alunos ditos “marginalizados”, estes são aceitos pela
escola simplesmente por obrigação da instituição, e frente a situações
consideradas graves, como por exemplo, o uso de drogas, a escola tem a
justificativa para expulsar esse aluno da instituição, encerrando nesse ato sua
ação a respeito das drogas, sendo repassada toda a responsabilidade para a
família. Frente essa situação, é relevante salientar que a falta de preparação
do docente, frente a problemas relacionados a drogas no ambiente escolar, é
advinda da própria formação do docente que não oferece subsídios para saber
como agir em tais situações.
Cabe
então à escola manter com a comunidade em que se situa um relacionamento de
colaboração, em que pais ou qualquer pessoa da comunidade se envolvam e
participem das atividades promovidas pela escola, em prol do bom aprendizado e
formação social dos seus alunos previsto na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) N°. 9.394/96.
Os docentes a partir disso devem entender como surgiu o uso das drogas e
mudar sua política de repressão aos usuários e passar a trabalhar mais nas
políticas de orientação, principalmente sobre a promoção da saúde. Nos
Parâmetros Curriculares Nacionais Saúde (PCN), a educação em saúde está
organizada de forma a indicar a dimensão individual e social da saúde, com os
conteúdos organizados em dois eixos, sendo estes: autoconhecimento para o auto cuidado
e vida coletiva. Dentre os conteúdos a serem abordados, dentro do bloco vida
coletiva, estão incluídos: agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, álcool
e entorpecentes). Segundo a indicação dos Parâmetros Curriculares para a Saúde,
estes temas devem ser tratados transversalmente, permeando por todas as áreas
que compõem o currículo escolar, de forma multidisciplinar, e fazem parte dos
chamados temas transversais (BRASIL, 1996).
JUSTIFICATIVA
De
acordo com a realidade do Brasil, nossos jovens não fogem à estatística e
dentre eles o uso do álcool impera como a droga mais adquirida por eles,
seguida do cigarro e logo após, a maconha. Constatamos que a maioria começa a
ingerir bebida alcoólica a partir dos 12 anos de idade e que muitos tomam o
‘primeiro gole’ em casa, na presença dos pais. O comércio da região não obedece
à lei em todos os casos e frequentemente vende bebida e cigarro aos menores de
idade, sem a fiscalização necessária e exigida por lei federal.
Sentimos
a necessidade de por em prática um projeto que atinja objetivamente a precaução
no uso de drogas, que seja claro, interativo e sensibilizador.
OBJETIVOS
Objetivo
geral
Promoção da
saúde na Escola através da prevenção do uso de drogas.
Objetivos
específicos
Promover ações
direcionadas aos alunos do Ensino Médio, público alvo do nosso projeto, tais
como:
·
Conscientizar e orientar os alunos
acerca dos prejuízos causados pelo uso das drogas (lícitas e ilícitas);
·
Despertar a autoconfiança;
·
Demonstrar através de relatos a
valorização dos estudos;
·
Incentivar as boas práticas;
·
Envolver os alunos e os pais frente às
ações desenvolvidas na escola.
·
Demonstrar os prejuízos causados pelo
hábito de naquear[1],
comum na nossa região.
·
Sensibilizar alunos e pais sobre a
autodestruição causada pelo uso e abuso de drogas.
·
Formar monitores para orientação e
prevenção do uso de drogas nas salas.
Definição dos
sujeitos de intervenção
As
ações do projeto se destinarão à comunidade interna escolar, especificadamente
aos alunos do Ensino Médio, ou seja, 1º, 2º e 3º anos, tanto no período diurno
quanto no noturno, a faixa etária compreendida no público alvo vária de 14 a 18
anos de idade.
As
ações serão coordenadas em longo prazo, pelos professores das áreas Biológicas
e Humanas, durante o ano cursivo de 2013.
METODOLOGIA
Tendo em vista
os objetivos especificados, almejamos concretizar a formação de um grupo de
alunos para realizar encontros mensais com o intuito de debater assuntos
referentes às drogas e suas consequências, como também provar aos adolescentes
que é possível levar uma vida divertida e, acima de tudo, saudável sem o uso de
drogas. A discussão e reflexão serão realizadas através de palestras, músicas,
jogos recreativos, danças e debates. Adotaremos para isso um tom amigável e
acolhedor a fim de preservar e aprofundar o vínculo com os adolescentes e
resgatar a autoestima saindo da sala de aula, promovendo momentos de conversa
em um ambiente de tranquilidade e confiança mútua. Contaremos com a colaboração
de uma família que enfrentou um processo de reabilitação do filho adolescente
usuário e que mostraram interesse em ajudar ativamente no desenvolvimento do
projeto.
No interesse em
incluir o nosso projeto ao programa do Ensino Médio Inovador, devido a sua
importância, esperamos ser contemplados com uma ajuda de custo no valor de R$ 500,00
a ser aprovado pela coordenação do programa na escola. O dinheiro será aplicado
na confecção de camisetas, Day Use em
hotéis, compra de lanches, locação de filmes e combustível para transportar os
alunos até os locais dos encontros.
Realizaremos
encontros mensais nos finais de semana durante oito meses em ambientes internos
e externos à escola. Cada encontro terá local predeterminado e um tema a ser
debatido. Os temas abordarão a promoção da saúde e da autoestima, a prevenção,
motivos e consequências inerentes ao uso de drogas, valorização dos estudos,
drogas naturais e sintéticas, o resgate da autoridade dos pais na família e na
escola. Sendo assim, para atrair maior atenção, cada encontro terá um momento
interativo que o local proporcionará, como por exemplo, jogos no ginásio de
esportes, trilhas em passeios ecológicos, roda de tereré[2] na
praça, assistir ao filme (Diário de Um adolescente) na casa de um professor,
dança, visita acompanhada de um funcionário de hotel mostrando o seu
funcionamento e como a mão de obra na cidade é trazida de fora por não
encontrá-la aqui. Além dos debates e dos momentos interativos que aproximam
aluno e professor, faremos explanação nos encontros reunindo informações,
imagens e vídeos pertinentes ao assunto para embasar e fomentar a discussão.
Caberá aos alunos líderes de sala preparar pesquisas e organizarem-se em grupos
para explanarem informações coletadas a fim de fomentar os debates. Os
professores envolvidos conduzirão o encontro, as apresentações e os debates. Em
cada encontro serviremos lanches leves, pipoca ou chocolate-quente para os
participantes. Para isso, faremos uma campanha de divulgação durante o primeiro
mês, apresentando o projeto para os professores, alunos e funcionários,
contando com a participação de todos, enfatizaremos também a importância da
inclusão do projeto no conteúdo curricular de cada um, trabalhando a
interdisciplinaridade. Neste período de divulgação visaremos a Participação
Juvenil e a formação de multiplicadores e convidaremos os alunos com perfil
para serem os multiplicadores. Eles participarão dos encontros e com isso serão
disseminadores da prevenção entre os colegas e colaboradores daqueles
professores que trabalharão o projeto em sala. Pretendemos formar um grupo com
no máximo 30 alunos e criar uma camiseta para campanha de prevenção ao uso de
drogas. Todas as etapas do projeto serão documentadas para a produção de um
projeto midiático de conclusão.
Com o objetivo
de mostrar os prejuízos do uso das drogas de uma maneira mais próximo da
realidade, vamos programar a leitura do livro “Em carne Viva” da autora Maria
da Glória Cardia de Castro e a sua adaptação para encenarmos uma peça teatral
envolvendo os alunos multiplicadores para ser apresentado na escola e em outras
instituições para que todos possam estar atentos ao desvio de conduta por parte
dos adolescentes que pode ser um indício do uso de drogas.
Como disse John Lennon
“O sonho acabou; vamos encarar a realidade. Não se drogue por não ser capaz de
suportar a sua própria dor. Nenhum lugar fará você sentir um homem. Eu estive
em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo”.
RECURSOS UTILIZADOS
Os recursos
humanos compreenderão os professores, alunos, multiplicadores, pais de alunos,
comunidade externa e parcerias com a rede municipal de educação e saúde. Vamos
dispor dos recursos físicos tais como: escola, residências de alunos e
professores, ambientes externos, públicos e particulares (praças, ginásios,
pousadas, balneários).
Quanto aos
recursos materiais utilizaremos equipamentos tecnológicos, publicações
impressas e virtuais, meios de transportes, filmes, internet, etc.
CRONOGRAMA
CRONOGRAMA
2013
|
|
|||
ETAPAS
|
DURACÃO
|
LOCAL
|
TEMA
|
ATIVIDADE EXTRA
|
MARÇO
|
Todo o mês.
|
EE
Bonifácio Camargo Gomes
|
Apresentação
para os professores.
|
-
|
ABRIL
|
Todo o mês.
|
EE
Bonifácio Camargo Gomes
|
Apresentação
do projeto e reuniões com os líderes para acertar os preparativos para o
primeiro encontro.
|
-
|
MAIO
|
3h
|
Day
Use (Hotel)
|
Cigarro,
Narguilé, Fumo de mascar.(naquear) Alcoolismo/ Promoção da saúde
|
Passeio
e acompanhamento profissional sobre o funcionalismo interno de hotéis na
cidade.
|
JUNHO
|
3h
|
Sala
de vídeo
|
Tráfico
e fatores que levam um usuário se tornar dependente
|
Assistir
filme temático em sala de vídeo em uma locadora da cidade.
|
AGOSTO
|
3h
|
Praça
Central
|
Drogas
naturais/ Valorização dos estudos
|
Roda
de tereré, dança e música.
|
SETEMBRO
|
3h
|
Balneário
Municipal
|
Drogas
Sintéticas
|
Apreciação
da natureza, banho em rio, jogos em quadra de areia.
|
OUTUBRO
|
3h
|
Ginásio
de Esportes Municipal
|
Resgate
da autoridade dos pais na família e na escola
|
Competições
esportivas.
|
NOVEMBRO
|
3h
|
Passeio
Turístico
|
Finalização
conclusiva do projeto.
|
Trilha.
|
DEZEMBRO
|
2h
|
EE
Bonifácio Camargo Gomes
|
TEATRO
|
Apresentação
na escola e na praça da cidade.
|
BIBLIOGRAFIA
ABRAMOVAY, Miriam;
CASTRO, Mary Garcia, (2005). Drogas nas escolas: versão resumida.
Brasília: UNESCO.
BAHLS, Flávia
Rocha Campos; INGBERMANN, Yara Kuperstein, (2005). Desenvolvimento escolar e
abuso de drogas na adolescência. Estudos de Psicologia, v. 22, nº
4, p.395-402.
BRASIL.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em 5 de outubro de 1998. Brasília: Senado Federal.
BRASIL. Secretaria
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